quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Hammurabi - Shelter of Blames - 2009


Hammurabi(MG) traz nesse EP: Shelter of Blames uma produção profissional tanto no que concerne a estética e ao sonoro. Criatividade, boa escolha no repertório, fotografia excelente. Banda com destaque no cenário underground, diretamente de um dos celeiros do metal nacional e posso afirmar com propriedade, também internacional. Trazem na bagagem uma longa colaboração em eventos variados e a dádiva de abrir para um dos ícones vivos do Metal; a grande banda Sodom. Avatar inicia a viagem pelo universo permeado de critica social referencias filosóficas. Instrumental bem executado, vocais variados, ótima equalização. Fools inicia-se com uma passagem de baixo e bateria, para logo após o thrash explodir, pequenas porém belas passagens de velocidade e coesão sonora. Shelter of Blames arremete com riffs pesados. Refrão hipnótico. E faz jus ao termo “música de trabalho”. The End is Near traz uma pegada completamente oitentista mesclada com levadas sutis de extremo death metal. De quebra ainda temos dois bônus track: Submersos atenta pro vocal gutural presente em toda a extensão da música que por sinal ficou bem mais coerente com som da banda. Vale a dica. USA Terrorista vem na mesma pegada, passagens hardcore, solos de baixo e guitarra, crítica social ferrenha e mais gutural. Agora é só esperar os mineiros emergirem das minas com a pepita nas mãos.
Nota: 8/10
Selo: ?
Data de lançamento: ?/?/2009
Website: www.hammurabi.com.br
Tracklist:
01 – Avatar
02 – Fools
03 – Shelter of Blames
04 – The end is near
05 – Submersos – bonus track
o6 – USA Terrorista – bonus track

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Device - Behold Darkness - 2009


Das planícies em que a corja política reina surge o Device (DF) com Behold Darkness, EP de bom gosto. Encontraram uma solução que mescla design e praticidade, a mídia traz um diferencial, tornando-a um objeto de colecionador. Mas não é só no quesito design que a banda se destaca. O som é bem produzido. Uma mescla perfeita de death, trash, e grind. Pegada rasteira. Sonoridade tradicional em todas as faixas mas repleta das informações sonoras atuais. Primatemaia disseminata dá a abertura numa introdução minimal e suave. Possessed desemboca numa caótica melodia com vocal gutural e backing vocals screamers. Soul of maggots inicia com a frase clássica de Karl Marx: A religião é o ópio do povo. Atestando mais uma vez que o metal não é um reduto de acéfalos radicais. Temos nessa um belo momento de peso, pratos bem aplicados dando um brilho todo especial. Kill you vem com uma pegada trash logo após transmuta-se em death metal. Louve o psicopata que há em você no talo. Verme é um verdadeiro libelo herege. O refrão gruda no miolo e fica o dia inteiro. Belas passagens de domínio técnico. Lembrando que vocais em português são raros no metal nacional. Essa faixa ficou excelente. Mais um fato interessante. O EP faz parte da trilha sonora de um filme “A capital dos Mortos”, primeiro longa metragem nacional no gênero zumbi/mortos vivos. Trilha sonora perfeita para uma “sessão da tarde” headbanger. Behold Darkness é um ótimo ensaio para um álbum poderoso e consistente.

Nota: 8/10
Selo: Death Toll Records
Data de lançamento
: ?/?/2009
Website: www.myspace.com/devicebrasil
Tracklist:
01 – Primatemaia disseminata
02 – Posssessed
03 – Soul of maggots
04 – Kill you
05 - Verme

The Ordher - Kill the betrayers - 2009


Devastador! É essa palavra que define o The Ordher(RS) em seu álbum “Kill the Betrayers”. Vem pra mostrar a potência do metal nacional. Um álbum que resplandece beleza estética e ferocidade sonora da primeira a última faixa. Veloz, melódico, ácido, cru. Fabiano Penna revela-se um mestre da técnica sonora tanto em execução de seu instrumento quanto na escolha dos timbres empregados na produção final. Mais uma vez o power trio revela-se uma formação prática unindo talento, harmonia e execução precisa ao um resultado final de extremo bom gosto. O projeto visual traduz perfeitamente a atmosfera enérgica do álbum. Podem me chamar de doente mas é o tipo de música pra se ouvir logo nas primeiras horas da manhã.
Progeny dá início ao massacre com riffs secos, baixo e bateria precisos não cessam a tonitruante sonoridade, refrão hipnótico. Conspiracy adentra os miolos como se fosse uma britadeira trazendo a paranóia, uma visão perturbadora da humanidade, velocidade e melodia em perfeita união. Um detalhe que é bom salientar, The Ordher mesmo com toda a voracidade técnica não deixa de lado as influências clássicas do velho metal. Hit the Weak é um exemplo disto, rapidez, grooves, sonoridade grave e belíssima. We Take Revenge é simplesmente uma pedrada na moleira. Um brado de revolta e ódio. Solos sem exageros demonstrando maturidade. Sem firulas o álbum segue amestrando os neurônios. “Kill the Betrayers” é um álbum que pode fazer jus a qualquer lista de melhores álbuns do ano tanto no Brasil quanto em terras estrangeiras. Material extremamente aconselhável aos apreciadores do Extremo Death Metal. Merece a nota máxima mas aguardo o próximo lançamento. A evolução não pára. O metal persiste mesmo num senda difícil que é em terras brasileiras. “Kill the Betrayers” é exemplo positivo e espero que gere inspiração fomentando assim mais bandas no mesmo nível.
Nota: 9/10
Selo: Freemind Records
Data de lançamento: ?/?/2009
Website: www.theordher.com
www.myspace.com/theorderextreme

Tracklist:
01 – Progeny
02 – Whiped crowned and dead
03 – Fevered Priests
04 – Conspiracy
05 - At one with darkness
06 – Hit the weak
07 – We take revenge
08 – Kill the betrayers
09 – Silente enemies
10 – The Devil’s whip
11 – Retaliation
12 – Earth burns

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Empty Grace - Subterranean Souls March - debut

“O inferno é aqui.” Não vejo frase melhor pra definir o Empty Grace(PI) que nos presenteia com o debut “Subterranean souls march”. Vindo de onde veio não é de se espantar que esse power trio traga em suas músicas um carga sincera de ódio, desgosto, poesia fúnebre. Afinal 40 graus a sombra não é pra todo mundo. Oito anos depois de lançarem demos e serem uma presença ativa na cena nordestina e nacional a banda chega com qualidade ao primeiro álbum. A primeira faixa “Rotten reflections”; pegada segura, som bem definido de todos os instrumentos, vocal gutural demonstrando domínio em pronúncia e execução. Letras objetivas. Percebe-se a influência de death, thrash e black, conduzindo quem ouve ao um redemoinho de sensações. Empty Grace demonstra nesse álbum a possibilidade da fusão sem tornar-se um estilo inexpressivo como acontece com tantas outras bandas. “Bloody battles in great field” é daquelas faixas que soa como uma digital da banda. Onde ouvir a identificação será imediata. Deixando um pouco o som de lado. O material gráfico condiz com as qualidades sonoras da banda, bom gosto no acabamento, na escolhas das fotos e no design. O álbum transcorre como se fosse numa evolução, as faixas vão ficando mais rápidas, sem exageros. Passagens de velocidade executadas com maestria. Riffs cadenciados convidam o ouvinte a “bater cabeça”. Belíssima masterização.Destaque para “Rising blood”, que equilibra a atmosfera “trash” com “blaster beats” agradando aos ouvidos apreciadores de algo mais veloz. A faixa que dá o nome ao álbum é um bom exemplo de quando a fusão de estilos dentro do metal extremo é feita com qualidade; curta e grossa, de estrutura variada sem buscar o excesso de virtuose. Enfim eis um álbum que merece estar na estante de todo headbanger que respeita e valorize a cena nacional. É disso que precisamos:profissionalismo, dedicação e simplicidade.

Nota: 8/10
Selo: independente
Data de lançamento: ?/?/2009
Website: www.emptygrace.com
http://www.myspace.com/emptygrace
contac@emptygrace.com

Tracklist:
01 – Rotten reflections
02 – Faith’s owners
03 – Distorted visions of god
04 – Sacrifice the holy man
05 – Bloody battles in great field
06 – surrounded by surffering
07 – Rinsing blood
08 – Perpetual blasphemy
09 – Subterranean souls march
10 – Concerning the humanity
11 – Blasphemous creations

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Lástima/Inrisório - Split


Dois petardos de pura selvageria e niilismo: Lástima (RJ), Inrisório(SE), respectivamente. “Sacroholocausto” inicia-se com “Celebração dos porcos”; dedilhados, texturas, enfim, uma boa introdução ao caos que se anuncia em seguida na faixa que dá nome ao disco. Riffs pegajosos e harmonia hipnótica permeada com uma linhagem old school. Mais uma vez a música extrema revela-se um estilo singular, pois do seio do caos carioca, da pantomima do funk, pagode e do crime organizado, ferve uma cena rica e, diga-se de passagem, organizada. Lástima está com timbres mais definidos, transmitindo segurança e entrosamento a cada faixa. Letras irônicas adentram seu ser destruindo todas as esperanças. A cozinha soa uníssona conduzindo a disarmônica orquestra com precisão biológica. Ainda nos reservam o cover de um clássico do Splatter “Excavating the Illiac Fossa” do Haemorrage, e de quebra, quatro bônus com gravação mais inferior, porém, mais glamourosa. Apenas um ponto negativo: priorizar o visual e esquecer das letras no encarte. Inrisório chega atropelando os sentidos com “Teatro da Horrificia”. Blasfêmia, ódio, inconformismo e acidez, é o que sai desse quinteto sergipano, que afundados no limbo, arranjaram forças pra desaguar suas esquizofrênicas personalidades num vórtice de Death Metal, Crustcore, Deathcore, Grind, resquícios vocais de Splatter e Gore, e alguns experimentalismos. Sequelado, responsável pelos vocais, põe “as tripas pra fora com qualidade e louvor”! “Solidão Ateísta” traz uma pegada puramente Death Metal descendo a madeira nos dogmas religiosos. “Zumbi Caseiro”, por sua vez, poderia ser roteiro de Peter Baiestorf. Já “Apóstolos de Ninguém”, com riffs cadenciados, soa Crustcore até o osso. As guitarras parecem uma parede sonora, bateria e baixo dialogam coesos. Solos sem excessos. Dinâmica harmoniosa. O único empecilho da banda talvez tenha sido um estúdio bom. Inrisório segue a funesta luta de criar e ser diferente num limbo de iguais! Espero ansioso pelo álbum de cada um deles. Afinal, cariocas ou sergipanos ambos estão no “bom caminho”, e detém qualidades técnicas e intelectuais para tanto.


Nota:7/10
Selo: SataniCrew; Armadillo; Hatred; Caos Niilista
Data de lançamento: ?/?/2007
Website: http://www.myspace.com/lastima
http://www.myspace.com/inrisorio
Tracklist: ?

Unborn - Dogmas Massacra - Cd-demo


Das profundezas da Jamaica brasileira a Unborn(MA) mantém-se firme no metal. Dogmas Massacra é o que poderíamos dizer, um Cd-demo de qualidade que nos presenteia com composições sérias, esmeradas. Letras que remetem à filosofia, política, críticas ácidas, reflexões metafísicas. Deathtrasher Metal com influências claras dos clássicos dos anos 80. Bom saber que nem todas as bandas caíram no pastiche da velocidade excessiva e maçante. Som pra bater cabeça até umas horas. A capa traz um belo trabalho do Alcides Burns responsável por belíssimos trabalhos na cena metal(Acheron, Headhunder DC, Sanctifier, Torture Squad). Masterização musical fica por conta de Fabiano Penna(TheOrder, ex-Rebaelliun), mão exímia na escolha dos timbres exaltando o peso e a sujeira fazendo da audição um deleite. A faixa que dá título ao CD é puro death trash.Destaque para o refrão pegajoso de “The fall of ideology”.Fiquei repetindo por horas seguidas. Mas como tudo tem um porém, após uma audição exaustiva e cuidadosa percebe-se que a bateria poderia ter tido um resultado mais interessante, ser mais encorpada no que concerne aos pratos. O baixo presente ajuda a cozinha ganhar a força necessária para levar a banda. O vocal semi-gutural traduz de maneira visceral o conteúdo das letras num niilismo belíssimo. Backing vocals e vocal sincronizados. Solos sem excessos. Bases graves e cadenciadas. Detalhe que preciso enaltecer: a citação de Michel Foucault. Isso mostra aos conservadores de plantão que a coisa tem essência. Heróis? Não! Seres humanos competentes e inconformados. Traduzindo o banal da existência em arte caótica. Reverberando e provando ao mundo que não importa qual o limbo onde estejas sempre vai haver “desequilibrados” para exercer o contraponto necessário a todos aqueles que não conseguem andar com as próprias pernas. Em alguns momentos bateu um revival, lembrei dos tempos que ouvia Obituary no vinil. Memórias a parte temos em mãos um Cd-demo de qualidade que promete um álbum poderoso. Faço votos de que não demore tal acontecimento. Aumente o volume e aprecie com orgulho.

Nota: 7/10
Selo: Mountain Distro
Data de lançamento: ?/?/2009
Website: www.unborn.com.br
info@unborn.com.br
www.myspace.com/unbornbrazil
Tracklist:
01 – Invaders
02 – Dogmas massacra
03 – The fall of the ideology
04 – Religious cancer